O sangue quente viaja por ela inteira. Cada poro seu expeli um pouco dele e de seu suor. Sangue vida e morte. Água e plasma. Sangue que escorre pelas pernas e segue rio abaixo num fluxo interminável de emoções, levando consigo lembranças de uma vida inteira. Vida em sangue. Sangue vida. Vida que poderia ter outro sentido pelo sangue, vidas que começam no sangue e que nele terminam. Sangue de morte e de vida. Sangue que lava e enxuga a alma. Que trás dor e revigora. Que foi derramado em todas as terras, e todas elas sabem seu gosto. Sangue de menino, de velho. Sangue que não é tabu, diferente do sangue dela. O dela tem que se esconder, tem parar de fluir. Mens-tru-ar, mente teu ar. Se lava e se seca porque um novo período já vai chegar. E vê se para esse sangue que escorre das pernas, que eles tem nojo de ver. Sangra só o coração, devagarinho, que é pra mais tarde morrer.