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Mostrando postagens de janeiro, 2019

Eu sou isso aqui

Parece que algumas vezes a ingratidão toma conta da gente. Estou jogada no chão da sala da casa nova, chorando e fungando porque estou com medo e raiva da cidade onde vou trabalhar pelo concurso. Ao mesmo tempo eu sinto raiva de mim por perceber que é nada menos que ingratidão. Estou frustrada e não estou sabendo lidar com a frustração. Uma vez você me perguntou porque eu tinha essa necessidade do sucesso. Na hora eu não sabia o que responder, eu nunca tinha me visto daquela forma. Eu tenho necessidade do sucesso porque eu me acho uma farsa. Eu não sinto segurança de ser quem acham que eu sou, quem eu digo que sou. Eu parei de aceitar convites pra oficinas e mesas. Eu desdenho quando alguém ressalta minha inteligência. No fundo eu sei que eu sou inteligente sim, mesmo sabendo que deveria me esforçar mais, pois não é com facilidade que as coisas entram nessa cabeça. Eu queria tanto conversar contigo. Não é justo, eu sei. Mas no mesmo dia que me perguntou sobre o sucesso você me dis

Tesão

Lembro que seus olhos ardiam na primeira vez que me viu. Não me pergunte sobre a roupa que vestia, a música que tocava ou a hora exata que vi você me enxergar. Só lembro do calor repentino para uma noite fria de agosto e do ardor dos seu olhos. Você me comeu sem nem mesmo me tocar. A música tocando longe, as conversas foram sendo abafadas, e seus olhos me despindo no meio do bar. Piscando mais rápido que os milésimos pra gravar todos os meus traços, me arrepiando de antecipação ao te ver molhar os lábios. Meus olhos já nem tinham mais cor de tanto desejo. A vontade era de arrancar tua pele com a unha e fazer perfume pro dia a dia. Souvenir. Emoldurar sua cara que brilhava com o ar de quem não acreditava está com a mulher mais linda do mundo. Seus olhos me contaram. A vênus em áries fazia rebuliço dentro de mim. Analisando os sinais, interpretando as pistas que você me deu. O papel, o número, a ousadia e a distância. A espera. Os dedos descobrindo a gruta, caminhando entre

Lugar de fala

Eu não falo em nome de ninguém pra que ninguém fale por mim. Não costumo dar ordens porque sou desobediente. Não gosto de surpresas porque tenho que estar preparada para tudo. Minha desordem altamente organizada e padronizada não pode ter interferências. Odeio interferências. Odeio o externo que chega sem avisar e quer mudar tudo. Sem saber o quê, como e o porque daquela desordem milimetricamente calculada. A noite, durmo. Não faço questão do barulho, não faço questão do calor, não faço questão da opinião. Prefiro aprender com o silêncio. Prefiro falar em meu nome. Não quero ninguém falando por mim.

Filhadaputagem

Eu sou muito filha da puta. Com todo respeito a minha mãe e as putas deste país. Mas eu sou. Eu sou desse tipo de pessoa falsa que diz A pensando em B e sabendo que você quer A também. Eu digo exatamente o que você quer ouvir, não é isso que chamam de filhadaputagem? Além de puta, masoquista. Aliás, sádica. Eu não gosto de sofrer, arranjo uma desculpa qualquer pra passar longe de relações dolorosas. Mas só se a dor for em mim. Se apertarem meu calo eu caio fora. Mas eu não ligo de pisar de salto fino no calo alheio. Sou filha da puta. To entrando no FPA e esse é aquele momento que todo mundo diz “oi Valéria”. A última filhadaputagem que to fazendo (e hoje é o último dia!) é te stalkiar sabendo que você sabe que sou eu. A filhadaputagem é um vício. Ela massageia o ego, ela supri uma necessidade de atenção, uma carência afetiva e suga toda energia boa que o “alvo” possa ter. O filho, ou a filha, da puta fica aqui comendo pelas beiradas, farejando o momento de dar o bote. Cheio