Definitivamente
eu preciso de mais.
Eu
preciso absorver mais de tudo sem deixar que isso reflita e saia transbordando
daqui.
Alguma
coisa dentro de mim há muito tempo esquecida acordou com fome. Fome demais. Fome de mais.
A
coisa veio pra me lembrar que se doar é se doer. E que todo sentimento bom, pra
ser bom, tem que ter retorno, que de nada adianta receber calado, obter seu
pedaço e conformar-se no calor.
Essa
coisa mostrou-se faminta de alimentos perdidos aqui dentro.
Fome
de fogo pra aquecer, fome de sorriso pra aquecer, fome de carinho pra aquecer,
fome de consolo pra esquecer.
E
o meu tormento cresce a medida que ela acorda. E ela acordou pra ocupar os
espaços negligenciados por dias a fio, aqueles que pra mim estavam sendo bem
tratados e recebendo suas devidas atenções. Mas não.
Ludibriei-me.
Me
iludi.
Perdida
em mim mesma estava a resposta de uma pergunta que nem eu mesma fazia questão
de saber. De procurar.
Definitivamente
eu preciso de mais.
A
negligencia disfarçada de "não consigo" e respondida por um "eu te
entendo" não pode mais satisfazer a fome daqui de dentro.
O
ouvir apenas não é suficiente para aplacar uma dor que não passa, uma ferida
que não fecha.
O
falar, sozinha, não adianta mais. Não supre as necessidades acordadas em mim.
O
diálogo que sempre foi necessário, mas que outrora havia sido esquecido,
perdido nos olhares e beijos que eu julgava aptos a me saciar, hoje torna-se
dispensável.
Insuportável.
Impossível. Inalcançável.
Todas
as células do meu corpo reclamam por mais atenção, cansaram do stress e da
falta de confiança. Elas gritam "ei, volte pra nós, não nos
negligencie."
Não
perca mais o seu tempo com o que não te fortalece. Não te levanta e não te
satisfaz.
Definitivamente,
eu quero mais.