“De
tudo ao meu amor serei atento, antes e com tal zelo, e sempre, e tanto.”
Eu
não sei em que momento me perdi em você. Não sei se foi em Recife, Goiânia ou
Salvador. Não sei se foi em alguma cidade, se foi em alguma música ou alguma
piada idiota que você contou. Não sei se nos vários assuntos sérios que
falamos, se foi em algum dia dentro do seu quarto ou se foi no quintal da sua
casa.
Não faço a mínima ideia se foi quando entrei na universidade ou quando comecei a me interessar por politica. Talvez tenha sido quando obtive apoio para passar pela transição: capilar e de alma.
Não faço a mínima ideia se foi quando entrei na universidade ou quando comecei a me interessar por politica. Talvez tenha sido quando obtive apoio para passar pela transição: capilar e de alma.
Não me pergunte o dia, pode ter sido aquele fotografado no bosque, ou os vários
outros que tivemos nele. Não sei se foi aquele do ginásio, aquele no diretório, aquele no CEU, no estacionamento, na praia, durante a virada de ano, ou no São
João.
Pode
ter sido quando você conheceu meus pais, ou minhas amigas, ou quando conheci os
seus amigos. Pode ser também aquele quando tive a certeza de que mudaria de
cidade, ou que eu tinha conseguido um emprego, ou nas várias brigas.
Foram
muitos dias, e eu me pergunto quando eu me perdi. Quando perdi a atenção e o
tal zelo. Quando deixei que me perder fosse algo bom, pra virar sofrimento. Dor de cabeça.
Hoje
olhos as fotos e não reconheço as pessoas que sorriem pra mim. Pergunto-me o
motivo dos risos e quando esses motivos mudaram. Pergunto-me se algum dia eles
voltariam a sorrir do jeito e pelo mesmo motivo que sorriam ali.
Eu
não posso mais me culpar por me perder. Você me perdeu também, e você deixou
que isso acontecesse. Naquele dia que me deixou sozinha em casa, nos dias em
que não pensou em mim, quando decidiu pensar “como seria se eu não
tivesse com ela?”. No dia que não percebeu que tudo isso me deixou
amarga e com dores de cabeça. Foi aquele dia que você me disse que eu não
queria conhecer seus amigos sem reconhecer que você nunca me convidava para
estar entre eles. Foi aquele dia em que precisei sair de mim pra conseguir
falar tudo que eu sentia. Você deixou que eu me perdesse de você e você tinha
sido avisado disso. Então eu tenho direito de escrever essas palavras, e desejando até que elas nunca sejam lidas.
Todas
as vezes que eu acordo eu lembro que não estamos mais juntos e eu quero estar.
Mas eu lembro que tudo que eu fiz foi por mim, eu me tenho agora. Todas as
vezes que alguém me pergunta sobre você eu lembro que preciso sorrir e dizer
que esta tudo bem, não foi nada, tinha que acontecer, foi bom para nós dois.
Mentira.
E
o que piora isso tudo é não ter alguém que entenda: eu tenho direito a isso. A
sofrer. A chorar todas as lagrimas que eu puder. E tenho o direito de saber que
não vai passar assim tão rápido. Então eu devo aproveitar. Eu preciso
aproveitar.
Nem
que seja pra me fazer ter coragem de escrever esse texto. Que como todos os
outros, você não vai ler, e vai passar despercebido por ai.
Mas
eu escrevi. E ele vai me ajudar a lembrar que eu me tenho agora.