Tinha 10 anos e um futuro pela frente.
Eduardo de Jesus era seu nome. Ouvia de alguns que já estava perdido: era pobre
e morador de favela.
Mas sorria, sonhava e talvez fingisse que os
estereótipos não o atingissem. Ou talvez
nem soubesse o que "estereótipo" significa.
Aos 10, queria ser bombeiro e já deveria
estar alfabetizado, pelo país! Pelo IDH! Nunca por ele... Deixem as crianças
pra lá. Ainda mais favelado como esse daí.
Pra meninos assim a gente já sabe o que
espera: cadeia ou caixão. O que mais preto vai ter?
Para a mulher, parideira que colocou mais um
no mundo, resta a lembrança, e talvez o conforto: ao menos morreu logo, não
teve que passar pela via crucis do povo negro. O julgamento foi rápido e
certeiro: na cabeça.
E a mesma multidão que ovacionou Barrabás,
ovaciona o policial que ela, forte, nunca vai esquecer o rosto.
Eduardo de Jesus, crucificado aos 10 anos de
idade.
Péssimo dia pra saber ler, pra acordar e pra
ser sexta feira santa. Eu sinto tua dor Terezinha.
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/04/mae-de-morto-no-alemao-acusa-nunca-vou-esquecer-o-rosto-do-pm.html
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